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Na estreia do Observatório CBO, plataforma criada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia para monitorar e dar visibilidade aos resultados alcançados pelas políticas focadas na oftalmologia, a entidade divulgou um relatório que mostra dados sobre transplantes de córnea na rede pública. Durante a coletiva de imprensa para apresentar o levantamento, o CBO apontou que o número de transplantes de córnea no Sistema Único de Saúde (SUS) recuou ao patamar que estava dez anos atrás.

Em 2020, durante a pandemia de covid-19, a série histórica registrou o seu pior desempenho (4.374 cirurgias) na década. Desde então, em 2021 e 2022, os números seguiram o caminho da recuperação, mas ainda continuam menores do que antes da pandemia.

Para amenizar esse cenário, Cristiano Caixeta Umbelino, presidente do CBO, diz que é importante realizar campanhas que incentivem a doação de córnea e que informem a população sobre como funciona esse processo. “A doação de córnea só é possível após o falecimento do doador, ou seja, ela não pode ser doada em vida. É um ato de generosidade, que ajuda a transformar vidas. Vale lembrar que a doação precisa ser autorizada pela família”, esclarece.

Segundo o levantamento conduzido pelo CBO, entre 2012 e 2022, a rede pública realizou cerca de 86 mil transplantes de córnea no Brasil. No entanto, as cirurgias estão concentradas no Sudeste, que responde por 46% do total de procedimentos. Na sequência, aparecem o Nordeste, com 25%; Sul (13%); Centro-Oeste (9%); e Norte (5%). Quando falamos de Brasil, o volume de transplantes é proporcional entre homens (50,7%) e mulheres (49,3%), quadro que muda se olharmos por região. Os homens são maioria entre os beneficiados no Norte (59%), Centro-Oeste (56%), Sul (53%) e Nordeste (51%). Apenas no Sudeste, a população feminina apresenta percentual ligeiramente maior, com 51% dos casos.

Outro ponto apresentado à imprensa é o volume significativo de intervenções nas faixas etárias de 40 a 69 anos (39,2%) e de 20 a 39 anos (27%). “São pessoas que, com os transplantes, recuperam sua visão e podem retomar suas vidas, produzindo, trabalhando, estudando”, diz Wilma Lelis, primeira secretária do CBO. Os idosos com mais de 70 anos, representam 25% dos casos, e crianças e adolescentes, 8,4%.

O Observatório do CBO também trouxe dados sobre a fila para as cirurgias. Números do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) revelam que, atualmente, há 24.319 pacientes à espera de um procedimento nas córneas. Esse número quase dobrou se comparado a 2019, quando 12.212 pessoas aguardavam. Em 2020, esse total já era de 16.337 e, em 2021, um total de 20.134. Esses dados se referem a atendimentos feitos no SUS e nas redes privada e suplementar.

De acordo com o SNT, o tempo de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, em média, o que pode variar de acordo com o estado. No Pará, por exemplo, chega a 26,2 meses, enquanto no Paraná é de 6,5 e no Ceará 1,2 meses. Frederico Pena, diretor-tesoureiro do CBO, aponta que o volume de transplantes e a celeridade no atendimento das demandas está diretamente vinculada à existência de uma rede ativa de capitação de córneas em cada localidade. Segundo ele, “esse trabalho é fundamental para que o Brasil aumente a produção desse tipo de procedimentos”.

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