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Aconteceu hoje, 4 de setembro, às 12h45 na sala plenária do Hotel Windsor Oceânico, uma das atividades do 63º Congresso Brasileiro de Oftalmologia que gerou mais expectativa entre os participantes, a mesa redonda “O Futuro da Medicina , atividade única no horário para possibilitar a participação de todos os congressistas. 
Com a sala praticamente lotada, a mesa redonda reuniu, sob a moderação do coordenador da Comissão Científica do CBO, Wallace Chamon, o oftalmologista Dimitri Azar, CEO da Verily, (Google Life Sciences), o investidor Anderson Thees e o oncologista integrante da divisão global da Watson Health na IBM, Daniel Shammas Morel. 
“Nosso principal objetivo é favorecer a polêmica e a reflexão sobre as transformações que a tecnologia trará em futuro próximo para médicos e pacientes a partir da apresentação de visões distintas”,  declarou Wallace Chamon. 
O coordenador da Comissão Científica do CBO ressalta a grande experiência profissional e científica de cada um dos participantes, bem como a diversidade cultural e social que os caracteriza o que, segundo ele, garantiu um debate rico e instigante.
Dimitri Azar é coordenador de toda a Oftalmologia da Google International e grande parte de sua área médica através da empresa coligada Verily. A apresentação de Azar tratou das pesquisas em andamento na Google sobre dispositivos que têm potencial de mudar completamente a oftalmologia e a assistência oftalmológica na forma como conhecemos atualmente. Dimitri ainda destacou que apesar de toda a tecnologia disponível, o humanismo é a base do trabalho do médico. “Medicina é arte baseada em ciência. E em relação à tecnologia e atendimento humano não é uma coisa ou outra, mas sim uma coisa e outra”, disse ao apontar a importância de se aliar o mundo tecnológico ao pessoal. 
O segundo convidado, Anderson Thees, é um investidor em ideias e empresas de vanguarda que estão iniciando suas atividades. É um dos responsáveis pelo Cubo Coworking para incentivar o empreendedorismo digital e inovações tecnológicas. É sócio de aproximadamente 500 start-ups e tem interesse especial em empresas de tecnologia em medicina. “A tecnologia vai tirar o emprego de todo mundo aqui”, provocou Thees. “O fato é que toda a cadeia da medicina está sendo revolucionada pela tecnologia. Tudo está mudando, inclusive a maneira como o médico interage com o hospital e com os pacientes. O WhatsApp, por exemplo, já transformou a interação com os pacientes”, ressaltou. “Em 10 anos, vocês farão medicina totalmente diferente do que é hoje. Disso não há dúvidas”, concluiu.  
Daniel S. Morel, que integra a divisão global da Watson Health na IBM na função de Clinical Adoption Specialist e é especialista em inteligência cognitiva aplicada à oncologia, falou sobre como a tecnologia tem contribuído para a atuação dos médicos. Morel deu exemplos de tecnologias como o Watson for Genomics, programa que faz a análise do DNA do tumor , busca na literatura e traz de forma clara e objetiva a avaliação molecular,  as vias de sinalização intracelular e as drogas que podem ser usadas n o tratamento. Outro caso é o Clinical Trial que procura o dado no prontuário do paciente e pelo site do programa busca quais os estudos em que o paciente pode se incluir. “Além disso temos o Micro Medics, que funciona como se fosse um super bulário eletrônico e hoje tem suporte do Watson. Vamos supor que queiram pesquisar sobre determinada droga, seus efeitos e doses. Isso pode ser feito em forma de chat. Tudo isso faz sentido trabalhando junto com os profissionais de saúde, com os planos de saúde, com os hospitais, com os registradores para acelerar aprovação de novas terapias, com as industrias farmacêuticas, etc”, explicou.
Morel comentou ainda em sua apresentação sobre algumas publicações que validam a importância da tecnologia na medicina. Um trabalho publicado na American Academy of Dermatology, por exemplo, comparou o algoritmo de inteligência cognitiva com a avaliação de dermatologistas treinados para o diagnóstico de melanoma. Os dermatologistas identificaram que a pinta preta era um melanoma em 71% dos casos, enquanto que o algoritmo de inteligência cognitiva apontava que isso ocorria em 86% dos casos. Na psiquiatria, há determinação de quadros de depressão maior pela análise da voz. Foi publicado no Journal of Affective Disorders que em 81,9% das vezes a avaliação do timbre de voz do paciente era capaz de revelar se ele era portador de um quadro depressivo maior. Outro exemplo citado pelo palestrante vem da endocrinologia. “Já está sendo comercializado nos Estados Unidos, e ainda em aprovação pela Anivsa no Brasil, o Sugar IQ. Um transmutor transdérmico que fica na pele do paciente e se comunica em tempo real com aplicativo em celular. Além da glicemia do paciente em tempo real, o equipamento analisa a alimentação que o paciente teve e é capaz de predizer com até 2 horas de antecedência quando o terá crise de hipoglicemia com acurácia de 90%”, explicou. “A questão aqui não é substituir o médico , mas melhorar a capacidade diagnóstica em relação ao paciente dele. O que queremos com tudo isso é melhorar o trabalho do médico para que amanhã ele se dedique mais ao paciente, saindo da medicina fast food, que atende um paciente atrás do outro e mal escuta ou conversa com eles. Queremos que esta nova medicina seja baseada na transparência e confiança mostrando que o médico tem sim o conhecimento técnico, está empoderado pela máquina, e transformar isso algo simbiótico. Nosso futuro é parceria entre a tecnologia e o médico”, concluiu. 

Fonte: Universo Visual

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