Jeanete Herberg – Administradora de empresas graduada e pós-graduada pela EAESP/FGV. Autora do livro “Sociedade e Sucessão em Clínicas Médicas . Membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia, gestão 2016-2018.
Carnaval é a primeira grande festa coletiva do ano, aqui no Brasil. Toda vez que assisto a algum desfile, seja pela televisão ou ao vivo, fico impressionada com a organização, com o tamanho das escolas, com a sofisticação dos carros alegóricos, com a riqueza das fantasias, com a criatividade nos arranjos, com a alegria contagiante dos participantes e especialmente como aquilo tudo, com milhares de pessoas desfilando ao mesmo tempo, acontece de maneira brilhante. É uma verdadeira aula de planejamento e gestão!
No início da preparação define-se o enredo e o tema, as pessoas e equipes encarregadas de planejar cada grande área. Mais tarde, novas equipes se agregam para executar o plano. Esse processo leva o ano todo, para culminar na apresentação no desfile. Cada detalhe é estudado minuciosamente. Existem muitos quesitos que são avaliados e no momento principal, a bateria imprime o ritmo do coletivo.
Cada Escola de Samba tem tempo mínimo e máximo para desfilar e caso não cumpra esse item perde pontos na avaliação dos jurados. Nesse período deve mostrar ao público e aos jurados tudo o que construiu durante o ano, valendo para sua classificação no concurso de melhor desfile.
E o que isso tem a ver com as clínicas e consultórios? O que temos a aprender desse modelo?
A clínica ou consultório também tem um período de exposição junto ao paciente, para que desempenhe o seu melhor: do atendimento na chegada estacionamento e recepção à consulta propriamente dita, exames realizados e finalização acerto de contas.
Qualquer deslize ou desvio no conjunto da obra levará à “perda de pontos na avaliação do paciente ou acompanhantes, que nesse caso, formam o conjunto de jurados. E a classificação pode ser muito prejudicada pela percepção da falta de sintonia ou ritmo durante o atendimento.
O que fazer então, para ter o melhor desempenho possível?
Sugestão: utilizar as ferramentas consagradas de administração!
Voltemos às Escolas de Samba: facilmente se observam os “diretores de cada setor, de cada ala, durante o desfile. Até seus uniformes são destacados para que os passistas reconheçam a liderança, a quem seguir. Desfilam com a Escola, aceleram ou retardam o ritmo para cumprimento do tempo, preocupam-se com que o desfile seja compacto, sem separação entre as alas, coordenam o retiro e o retorno da bateria, acompanham o mestre-sala e a porta-bandeira e assim, o conjunto se torna uníssono e regular.
Além dos passistas, diretores e líderes, existe toda uma estrutura invisível para o público naquele momento: arrecadadores de fundos, costureiras, desenhistas, cabelereiros, designers, técnicos dos carros alegóricos e tantos outros.
Da mesma forma, quando o paciente entra na clínica, há uma “equipe de frente que tem os “momentos da verdade no contato com essas pessoas. Esse é um aspecto importante, sem dúvida. Mas, não se pode esquecer a “equipe invisível que dá suporte para as coisas realmente acontecerem.
Um planejamento estratégico, que possibilita uma ampla visão do negócio, pressupõe definição de metas claras e seu compartilhamento, atribuição de responsabilidades, cronograma de atividades… também é necessário saber onde se quer chegar e que atendimento se quer dar ao seu público específico. Enfim, quais são o enredo e o tema da clínica ou consultório?
Carnaval parece “apenas uma grande festa, talvez até uma grande bagunça. Mas, desfile é coisa muito séria! Tanto que quando acontece um erro ou acidente em um carro alegórico, por exemplo, mesmo que seja pequeno, isso é considerado como uma “tragédia . E para você… os erros são uma tragédia, você os aceita, ou como lida com eles? Carnaval tem bastante a ensinar se for assistir ao desfile, aproveite e traga a experiência de excelência para sua clínica ou consultório!
Fonte: Universo Visual