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Explico: esse amigo médico me disse que fala no mínimo uma vez por semana com o contador; eu, conheci o contador quando o contratei há 6 anos e nunca mais falei com ele.”

Aquele médico que fala semanalmente com seu contador, deve ter percebido que ele lhe fornece informações, conhecimento e orientações que permitam tomar decisões de melhor qualidade. Para isso, sua clínica ou consultório deve estar enviando toda a documentação requerida para que seja elaborado um balancete que seja um espelho fiel do que realmente acontece em todas as transações da clínica.

Além de conhecer a saúde econômico-financeira da clínica, o contador deve saber dos objetivos e planos dos sócios para que possa orientá-los no melhor caminho de redução dos impostos e dos riscos trabalhistas e tributários em geral.

Outra contribuição que a contabilidade pode oferecer se trata da preparação societária para movimentações como entrada e saída de sócios, facilitando as negociações, reduzindo impostos e evitando surpresas quanto a custos adicionais dessa estruturação.

Mais uma função é a de lidar com a aquisições via financiamentos ou leasing ou até aluguel de equipamentos. Lançá-los corretamente na contabilidade permite a utilização da depreciação do bem, como redutor de impostos, se for o caso, e ainda facilita de maneira expressiva no momento de entrada ou saída de sócios.

Para que a contabilidade tenha a possibilidade de ajudar em todos esses assuntos, ela deve conhecer seu cliente. E para que a clínica e seus sócios possam se utilizar das ferramentas da contabilidade, deve mantê-la devidamente informada dos passos mais importantes e principalmente, como já mencionei acima, com a documentação da rotina organizada e disponibilizada para seu uso.

Como exemplo disso, menciono algumas transações de clínicas em que as negociações tiveram que ser suspensas pois surgiram problemas tributários após feita uma verificação mais profunda nos livros contábeis da empresa. Erros da contabilidade? Talvez, mas mais provável pela falta de documentação e atenção nos negócios realizados ou na transferência de fundos para os sócios, de maneira incorreta.

Por outro lado, aquele médico que conversou apenas uma vez com seu conta dor, tem a esperança e expectativa de que ele cumpra corretamente as obrigações relacionadas ao fisco – inúmeros documentos, relatórios a serem entregues mensalmente ou anualmente – e forneça os DARFs (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) para pagamento dos impostos.

Existem duas consequências básicas dessa postura: por um lado é muito fácil não ter que se envolver com assuntos de contabilidade, que parecem ser de outro planeta para os médicos: linguagem diferente, um mundo de números, raciocínios de uma lógica incompreensível para os leigos e amolação com o recebimento dos DARFs de valores cada vez maiores.

Por outro lado, as ferramentas que a contabilidade usa e que podem servir de guia para uma gestão melhor, com menos riscos no aspecto tributário e trabalhista, por exemplo, além de, se bem-feita, sugerir formas de redução dos impostos.

Mas, então qual dos dois médicos está certo? O que fala semanalmente ou o que nem conhece mais seu contador?
Se a vontade é de deixar que o contador faça seu trabalho de emitir os DARFs corretos e entregar o que é exigido pelo fisco, então, não há necessidade de conhecê-lo.

Se o interesse é de gerir melhor sua clínica e seu patrimônio em geral, então um contato mais estreito com o contador é saudável. Não precisa ser semanal, mas certamente algumas vezes por ano beneficiará e muito sua vida patrimonial e fiscal!

A conclusão que chego é a de que quem melhor conhece o seu negócio é você mesmo, médico dono de clínica. Se quiser utilizar as ferramentas que a contabilidade tem e pode oferecer, por que desprezá-las?
É como se seu paciente ouvisse toda sua explicação de como melhorar a sua visão, com o uso das mais modernas técnicas, mas ele simplesmente não se sensibiliza… será que esse é o melhor caminho?

 

Fonte: Revista Universo Visual

Autor: Jeanete Herzberg

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