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Mônica Alves Doutora e pesquisadora de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
 
 
 
 
 
 
  
Richard Hida Médico Assistente da Santa Casa  de São Paulo – Setor Catarata/Bancos de Olhos; Universidade de São Paulo – Grupo de Estudos em Superfície Ocular; Universidade Federal de São Paulo – Ótica Cirúrgica
 
 
 
 
 
 
 
Do artigo traduzido “What is, why does it occur and how can it be diagnosed and treated? , por David A. Sullivan (em nome de todos os participantes da TFOS DEWS II citado no website da TFOS)
 
Introdução
O olho seco (OS) afeta centenas de milhares de pessoas no mundo, sendo uma das causas mais frequentes de consultas oftalmológicas e que não têm cura. Os tipos moderados a severos estão associados a dor significativa, limitações para atividades diárias, redução da qualidade de vida, piora da saúde geral e comumente depressão.
Para aumentar o entendimento do OS, a TFOS, uma entidade sem fins lucrativos, lançou o TFOS Dry Eye Workshop II (TFOS DEWS II), um consenso que envolveu esforços de mais de 150 especialistas pesquisadores da área clínica e básica do mundo inteiro e que levou mais de dois anos para ser concluído.
O relatório da TFOS DEWS II foi publicado em julho de 2017 na revista indexada “The Ocular Surface . O resumo executivo foi publicado em outubro de 2017. Sua versão GRATUITA on-line está disponível no site da TFOS: www.TearFilm.org
Alguns destaques da conclusão e das recomendações da TFOS DEWS II serão apresentados neste resumo.
O que é olho seco?
TFOS DEWS II definiu olho seco como: “Olho seco é uma doença multifatorial da superfície ocular, caracterizado pela perda da homeostase do filme lacrimal, e acompanha sintomas oculares, em que a instabilidade do filme lacrimal, hiperosmolaridade, inflamação e dano da superfície ocular e anormalidades neurossensoriais têm um papel etiológico importante .
Olho seco é etiologicamente classificado em categorias não excludentes: olho seco por deficiência aquosa e olho seco evaporativo. A maioria é de natureza evaporativa e alguns pacientes apresentam forma mista da doença.
Por que o olho seco ocorre?
O mecanismo básico do OS é a hiperosmolaridade lacrimal induzida por evaporação, que é a característica principal da doença, causa dano direto na superfície ocular e inflamação, que desencadeia um ciclo vicioso do olho seco. A maior causa de olho seco é a disfunção da glândula de meibômio (DGM).
Fatores de risco consistentes para olho seco incluem idade, sexo, raça, DGM, doença do tecido conectivo, síndrome de Sjögren, disfunções hormonais, uso de computador, lentes de contato, terapia de reposição estrogênica, transplante de células-tronco hematopoiéticas, e algumas condições ambientais (como poluição, baixa umidade, “síndrome do prédio doente , uso de medicação (como anti-histamínicos, antidepressivos, ansiolíticos, isotretinoína). Olho seco “iatrogênico também é comum e pode ser induzido em intervenções médicas (como drogas tópicas e sistêmicas), cirurgias oftalmológicas (refrativa, catarata, glaucoma, retina e vitreo), e procedimentos não cirúrgicos (aplicação de toxina botulínica, cosméticos).
Como o olho seco é diagnosticado?
TFOS DEWS II recomenda uma sequência de testes para diagnóstico de OS e análise de gravidade. Este processo diagnóstico utiliza primeiramente questões de triagem para excluir condições que simulam o olho seco. Seu diagnóstico requer pontuações em um ou dois questionários específicos de sintomas acompanhados de pelo menos uma positividade no sinal clínico, indicado por redução no tempo de ruptura do filme lacrimal não invasivo (N-BUT), aumento ou disparidade na osmolaridade entre os dois olhos, ou alteração nos exames de coloração da superfície ocular.
Como o olho seco é tratado?
TFOS DEWS II também recomenda uma série de opções de manejo e tratamento com eficácia comprovada com o objetivo de restaurar a homeostase do filme lacrimal. Listados na tabela a seguir.
Estágio 1
Educação sobre sua condição, tratamento e prognóstico
Modificação do ambiente local
Educação sobre potencial modificação dietética (incluindo suplementos de ácidos graxos essenciais)
Identificação e potencial modificação/eliminação de medicações sistêmicas e/ou tóxicas ofensivas.
Lubrificantes oculares de vários tipos (se disfunção da glândula de meibômio estiver presente, considerar suplementes contendo lipídeos)
Higiene palpebral e compressas mornas de vários tipos
Estágio 2 (caso as opções anteriores sejam inadequadas ou insuficientes)
Lubrificantes oculares sem conservantes para minimizar toxicidade
Óleo de melaleuca para Demodex (caso presente)
Estratégias de conservação da lágrima (oclusão do ponto lacrimal, óculos de câmara fechada e umidificadores)
Tratamentos durante a noite (como pomadas ou aparelhos umidificadores locais)
Aquecimento físico e expressão da glândula de meibômio (no consultório)
Drogas para manejo do olho seco: antibiótico tópico ou combinação antibiótico/corticosteroide na pálpebra, corticoide tópico, secretagogos tópicos, imunomoduladores não esteroidais tópico (como a ciclosporina), antagonistas de LFA-1 tópico (como lifitegraste), macrolídeo ou tetraciclinas orais
Estágio 3 (caso as opções anteriores sejam inadequadas ou insuficientes)
Secretagogos orais
Soro autólogo/alógeno
Lentes de contato (gelatinosa, terapêutica ou lentes duras)
Estágio 4 (caso as opções acima forem inadequadas ou insuficientes)
Corticosteroide tópico com maior duração
Membrana amniótica
Oclusão de ponto lacrimal cirúrgica
Outras opções cirúrgicas (tarsorrafia, transplante de glândula salivar)

Fonte: Universo Visual

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