Estimular a pesquisa científica na área da Oftalmologia. Foi com este objetivo que surgiu, em 1972, o Prêmio Varilux de Oftalmologia. De lá para cá foram mais de 120 trabalhos premiados.
“Quem idealizou o prêmio foi o Dr. Carlos Henrique Bessa, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, com o objetivo de estimular a produção científica e também para divulgar a marca Varilux, trazida por ele para o Brasil”, explica Ivan Aliaga, Gerente de Assuntos Profissionais da EssilorLuxottica.
Mas essa história começa muito antes. Em artigo escrito por Dr. Bessa (que faleceu este ano) para homenagear o amigo Dr. Bernard Maitenaz, inventor das lentes multifocais, ele conta que aos 27 anos Dr. Maitenaz já havia conseguido calcular toda a parte teórica das superfícies progressivas (anteriormente tentada por muitos outros, sem sucesso). “Patenteou sua descoberta, mas não conseguia realizá-la materialmente por não haver máquinas capazes de desenhar e polir, no cristal, as complexas superfícies previstas em seus cálculos. Sendo também engenheiro aperfeiçoou-se em mecânica de precisão e construiu ele mesmo os ‘generators’ capazes de fazê-lo. No final da década de 1960, ele conseguiu, por meio da fabricante francesa de lentes Societé des Lunetiers, a Essel, produzir as primeiras progressivas, as quais denominou Varilux 1”. Dr. Bessa conta, ainda, que em 1972 a empresa fundiu-se com a Silor formando então a Essilor. Nessa época, Dr. Maitenaz e sua equipe já haviam conseguido grandes aperfeiçoamentos na lente, cuja evolução foi chamada de Varilux 2.
No mesmo material, Dr. Bessa comenta que já era membro da Société Française d’Ophtalmologie e quando estava em Paris, em 1967, aproximou-se dos dirigentes da Essel, Pierre Le Falher e Gerard Cottet, que o apresentaram ao Dr. Bernard Maitenaz. “Na época do lançamento da Varilux 2, convidei o Dr. Maitenaz para fazer palestras no Brasil. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o presidente da mesa chegou a comentar que “a correção da presbiopia se dividiria em duas fases: a de antes do Dr. Bernard Maitenaz e a depois dele”.
Charles-Eric Poussin, Diretor de Recursos Humanos, Engajamento e Cultura da EssilorLuxottica, e embaixador da empresa, complementa dizendo que quando foi lançada a Varilux 1, seu criador, Dr. Maitenaz, sabia que não seria fácil apresentar ao mercado uma inovação tão grande e impactante com a lente multifocal progressiva Varilux. “Naquela época só existiam as lentes bifocais. Era preciso, então, unir o oftalmologista, o óptico, e o consumidor e lhes apresentar a novidade. Dr. Maitenaz também entendeu que era fundamental formar o oftalmologista para fazer uma refração adequada e treinar o óptico para fazer uma boa montagem da lente, calculando a altura e a distância nasopupilar conforme a fisiologia do paciente”, contou o executivo. Para isso, Dr. Maitenaz organizou equipes para palestrar mundo afora, dando as ferramentas necessárias para que médicos e ópticos executassem bem seu trabalho junto aos consumidores.
A DINÂMICA DO PRÊMIO
Pode participar da premiação todo oftalmologista que possua licença profissional emitida pelo Conselho
Regional de Medicina (CRM). A inscrição pode ser feita em três categorias: Master, Sênior e Refração
Social. Podem inscrever-se na categoria Master os oftalmologistas formados há mais de 10 anos, já
os formados há menos tempo podem participar da Sênior. A categoria Refração Social tem por objetivo
dar visibilidade a projetos de oftalmologistas relacionados a alguma organização, por isso os trabalhos
devem ter como foco a medicina social. O vencedor de cada categoria ganha uma viagem (e a inscrição),
para o Congresso da Academia Americana de Oftalmologia, nos Estados Unidos. Além disso, a instituição
relacionada ao premiado da categoria Refração Social recebe um pupilômetro e um lensômetro automático.
“No Brasil, foram realizadas várias palestras graças ao Dr. Bessa”, ressalta. A partir daí, Dr. Bessa criou o prêmio para incentivar os médicos no treinamento da refração em parceria com a SBO. Entre os inscritos no prêmio, Poussin destaca o caso do Dr. Almir Ghiaroni, que venceu três vezes o Prêmio Varilux de Oftalmologia, nos anos de 1980, 1982 e 1992. “Ele estava no sexto ano quando se inscreveu pela primeira vez. Dr. Ghiaroni tinha interesse na marca, estudou francês, fez residência e em 1980 participou do prêmio, ganhou e foi a Paris. Apresentou novamente e ganhou nos anos 1980 e 1982. Essas conquistas permitiram a ele realizar o sonho de ir a Paris e foi lá que conheceu sua esposa. “Em 2009, tive a honra de entregar a ele o prêmio especial por ter conquistado três edições do Varilux de Oftalmologia”, conta Poussin.
Hoje, 50 anos depois, o prêmio se destaca no meio oftalmológico e é reconhecido pelo estímulo à produção científica.
RELEMBRE A EDIÇÃO DE 2022
A cerimônia de entrega da 49a edição do Prêmio Varilux aconteceu durante o XXI Congresso Internacional
da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, em outubro de 2022, no Rio de Janeiro. Cada vencedor
recebeu uma viagem para a Academia Americana de Oftalmologia com passagem, hotel e inscrição
para o congresso. “Agradeço a parceira com a SBO em um ano tão importante, de 50 anos do prêmio e
100 anos da sociedade. É por meio da Oftalmologia, principal pilar para nós, que chegaremos à nossa missão:
melhorar a vida das pessoas através da visão”, contou Hugo Grimaldi, diretor da EssilorLuxottica
Brasil durante a entrega do prêmio. Aliaga ressaltou a importância da SBO para o sucesso da premiação
por meio da figura do oftalmologista Dr. Carlos Henrique Bessa. “Ele foi crucial ao trazer as lentes multifocais ao Brasil”, revelou. Como nas edições anteriores, a escolha do melhor
trabalho foi feita por uma comissão científica
estabelecida pela SBO.
