Cientistas do Johns Hopkins Medicine se debruçaram sobre células ganglionares retinianas intrinsecamente fotossensíveis (ipRGCs) para aprofundarem seu conhecimento sobre como esses fotorreceptores funcionam na retina. Os resultados foram publicados no The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Ao trabalhar com células da retina de mamíferos, os pesquisadores – liderados por King-Wai Yau e por Guang Li – mostraram que, ao contrário da maioria das células sensíveis à luz (fotorreceptores) na retina, um tipo especial usa duas vias diferentes para transmitir, ao mesmo tempo, sinais elétricos relacionados à visão para o cérebro. Além disso, o estudo aponta que esses fotorreceptores podem ter origem na escala evolutiva.
Em comunicado, os pesquisadores explicam que os fotorreceptores em animais detectam a luz usando uma via de sinalização para a origem da célula. Os fotorreceptores de origem “microvilosa” usam a enzima fosfolipase C para sinalizar a detecção de luz, enquanto que os de origem ciliar, como os de bastonetes e cones, usam uma via de nucleotídeos cíclicos. Para sinalizar a detecção da luz, a maioria dos fotorreceptores utiliza uma via ou outra, e não ambas.
Porém, ao expor ipRGCs a breves pulsos de luz brilhante, foi possível descobrir que elas usam os dois caminhos ao mesmo tempo. Nessas condições, a via de sinalização das microvilosidades produz respostas elétricas mais rápidas e precede, com alguma sobreposição, uma resposta mais lenta pela via ciliar. A equipe revelou que todos os seis subtipos de ipRGCs usam mecanismos de microvilosidades e ciliar – embora em porcentagens diferentes – ao mesmo tempo.
Além disso, também foi constatado que enquanto a maioria dos fotorreceptores que utilizam a via de sinalização ciliar usam um nucleotídeo cíclico específico (o GMPc, como mensageiro de sinalização), as ipRGCs usam outro, o cAMP, que é semelhante às águas-vivas, um animal antigo na escala evolutiva, sugerindo que ipRGCs podem ter origem de longa data.
O trabalho anterior de King levou a avanços na compreensão de como as células sensíveis à luz no olho do mamífero transmitem sinais ao cérebro, descobertas que podem eventualmente ajudar os cientistas a aprender por que as pessoas sem visão ainda podem sentir a luz.
Fonte: Johns Hopkins Medicine