A terapia antiangiogênica é um procedimento cada vez mais utilizado no tratamento de doenças que afetam a retina. Técnica que surgiu nos anos 2000, trata-se da aplicação de fármacos que diminuem a proliferação e a permeabilidade de vasos sanguíneos no interior dos olhos. Esses medicamentos são injetados na cavidade vítrea, onde há o gel (humor vítreo) que preenche cerca de 80% do volume do olho.
“Atualmente, é um tratamento muito disseminado, haja vista o grande número de pessoas que necessitam dessa intervenção, a facilidade do procedimento e os resultados gratificantes na maioria dos casos”, diz Mário Junqueira Nóbrega, especialista em doenças da retina e vítreo e uveítes do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem.
O procedimento deve ser realizado por um oftalmologista especializado no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de indivíduos com doenças na retina. A Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) é a entidade que reúne a maioria dos especialistas capacitados para a realização desse procedimento. O paciente pode contatar a SBRV e informar-se a respeito.
Indicações: A terapia é indicada para casos de edema de mácula (inchaço na porção central da retina) por diabetes mellitus, obstrução de veias retinianas e degeneração macular relacionada à idade (forma exsudativa da DMRI), doença não tão conhecida pela população como o glaucoma ou a catarata, mas que, atualmente, está entre as principais causas de cegueira em pessoas com mais de 60 anos, atingindo cerca de 30 milhões de indivíduos no mundo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV).
“Os critérios para a indicação da terapia são a presença de edema de mácula e neovasos, ou seja, vasos anômalos que se proliferam gradualmente a partir de outros já existentes. Caso não sejam tratados com os antiangiogênicos, pode ocorrer baixa visual grave, geralmente irreversível”, comenta o médico. O procedimento interrompe o crescimento de neovasos sob a retina.
Na prática: O procedimento é simples e rápido, porém, como ressalta o oftalmologista do Grupo Opty, necessita cuidado, pois é invasivo. “A aplicação é realizada com anestesia local (colírio ou anestésico injetado sob a conjuntiva) e raramente causa dor. Antes da aplicação, o uso de um colírio com iodopovidona diminui consideravelmente o risco de endoftalmite, como é denominada a infecção no interior do olho”.
O número de aplicações pode variar de acordo com a doença ocular e a resposta do paciente ao tratamento. Conforme explica Nóbrega, em geral, inicia-se o tratamento com 3 aplicações no olho afetado em intervalos mensais. A seguir, realiza-se nova avaliação no consultório, com exames complementares, como a tomografia de coerência óptica, para se observar a necessidade de novas aplicações ou de acompanhamento periódico. Em outros casos, pode ser realizada a aplicação periódica, em intervalos cada vez maiores.
Pós-terapia: O paciente é liberado depois do procedimento, com a recomendação de contatar imediatamente o seu oftalmologista caso tenha dor, diminuição da visão ou secreção ocular nos dias seguintes. “Nesse caso, o uso de antibióticos tópicos oculares é controverso; como eles podem alterar a flora conjuntival e promover resistência bacteriana, a tendência é não os utilizar”, pondera o oftalmologista.
Progressos: Aliada no tratamento de diversas doenças, a tendência é que terapia antiangiogênica siga sendo utilizada, com fármacos ainda mais potentes. “Novidades devem surgir nos próximos anos, com a introdução de outras substâncias antiangiogênicas. Espera-se que elas tenham maior eficácia, com melhores resultados visuais, e que os intervalos entre as aplicações sejam maiores, com diminuição dos custos diretos e indiretos do tratamento”, antevê o oftalmologista.
Fonte: Grupo Opty