O que é?
Ortoceratologia pode ser definida como uma redução temporária e planejada da miopia através do uso de uma lente rígida gás permeável.
Quando começaram a usar a ortoceratologia?
Nos anos 1960/1970. Somente nos anos 1990 as lentes rígidas gás permeáveis usadas para ortoceratologia ganharam novos desenhos, chamados de lentes de geometria reversa (mais planas que a córnea no centro e com a curva secundária mais curva que a curva base). Esse desenho melhora a centração e a estabilidade da lente e leva a maior predição das reduções da miopia. Além disso os materiais permeáveis a oxigênio trouxeram mais segurança as adaptações, limitando o edema corneano a níveis que geralmente já ocorrem durante o sono (3-4%).
Como funcionam?
O desenho de geometria reversa cria uma reservatório líquido entre a córnea e a lente, na junção da curva secundária, onde se vê um acúmulo de fluoresceína na média periferia durante o exame. O que ocorre é um afinamento do epitélio central da córnea e um espessamento da córnea na média periferia. A lente aplana a área central da córnea fazendo com que a imagem seja clara na retina central, enquanto na média periferia é mais curva, dando origem a um defocus miópico na retina periférica. As evidências sobre o erro refrativo periférico ser importante na incidência e progressão da miopia são claras.
Quando são usadas?
Durante a noite. São retiradas ao acordar e uma boa visão ocorre ao longo do dia, sem necessidade de lentes corretoras. Como a redução da miopia é temporária, deverá ser usada em outras noites para que o efeito se mantenha. Em torno da metade da redução da miopia se perde após 24 horas sem uso das lentes e 90% em torno de 72 horas sem as lentes. São efetivas inclusive em miopias superiores a 4 dioptrias. A maioria das alterações visuais e refrativas ocorrem nas primeiras 7 noites de uso.
Essa lente é regulamentada pelo FDA?
Em 2002 a lente da Paragon, chamada CRT, foi aprovada pelo FDA para uso noturno e outros desenhos e materiais foram também cobertos por essa aprovação original. Em 2003 também foram aprovadas pela União Europeia. Em 2004 a lente VST, da Bausch + Lomb, também recebeu aprovação. A ortoceratologia ainda representa apenas 1.2% de todas as adaptações de lentes de contato no mundo, variando de 0% em alguns países a 6% na Holanda.
Em que situação ela é mais prescrita?
Sem dúvida em pessoas jovens, com o objetivo de controlar a miopia. Entre os tratamentos para miopia a ortoceratologia tem sido o mais prescrito, em jovens com miopia progressiva, em todas as regiões com frequência em torno de 20% na Australásia e Europa e em torno de 10% nas Américas. Diversos estudos já confirmaram a eficácia da ortoceratologia em diminuir o avanço da miopia através da diminuição do alongamento do olho (o comprimento axial do olho começa a crescer menos). A efetividade da ortoceratologia para o controle da miopia é bem estabelecido com uma diminuição do alongamento axial de mais ou menos 0,25 mm em dois anos.
Quais são os efeitos adversos possíveis?
Pode ocorrer edema de córnea após o uso, que geralmente se recupera dentro das três primeiras horas após a retirada da lente. Além dos eventos associados ao uso de lentes de contato em geral (olho seco, alergias, infiltrados estéreis, etc), o evento mais temido é a ceratite microbiana. Por enquanto não existem evidências de um número aumentado de pacientes com infecção submetidos a ortoceratologia em relação aos usuários de lentes de contato em geral. A incidência de ceratite microbiana na ortoceratologia é similar ao uso noturno de lentes gelatinosas e apesar de raro é maior que outras formas de controle da miopia como o uso de lentes de contato multifocais de uso diário e o colírio de atropina.
O olho pode voltar a crescer mais de novo, caso o paciente pare de usar as lentes?
O tratamento com atropina a 1% é acompanhado de uma dramática aceleração da miopia pós-tratamento. Em relação a ortoK, Cho e Cheung compararam o aumento no comprimento axial em um número pequeno de pacientes que continuaram a usar as lentes e naqueles que suspenderam o uso sendo a diferença da média não significativa estatisticamente (de 0,15 para 0,09). São necessários trabalhos maiores para confirmar essa hipótese.
Fonte: PebMed