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Um estudo feito por uma equipe do Kellogg Eye Center do Michigan Medicine, o centro médico acadêmico da Universidade de Michigan, e publicado recentemente no Jama Ophthalmology, mostra a relação entre problemas visuais e a demência. O levantamento teve como base um estudo feito nos Estados Unidos com adultos mais velhos, realizado em 2021 por meio do UM Institute for Social Research, e também levou em conta uma série de pesquisas feitas recentemente que correlacionam ambos os fatores.

Segundo os autores, liderados pelos oftalmologistas Olivia Killeen, da Duke University, e Joshua Ehrlich, professor-assistente de Oftalmologia e Ciências Visuais na Michigan Medicine e professor assistente de pesquisa no Institute for Social Research, “priorizar a saúde dos olhos pode ser a chave para otimizar a visão, a saúde geral e o bem-estar. Ensaios randomizados são necessários para determinar se a otimização da visão é uma estratégia viável para retardar o declínio cognitivo e reduzir o risco de demência”.

No ano passado, Ehrlich e seus colegas publicaram um artigo no Jama Neurology que usou outra pesquisa com adultos mais velhos para estimar a porcentagem de americanos com demência cuja condição provavelmente está relacionada à perda de visão. Eles calcularam que 1,8% de todos os casos têm essa ligação, o que equivale a mais de 100.000 dos 6 milhões de americanos com demência. O levantamento sugeriu que a deficiência visual deve ser considerada juntamente com outros fatores de risco de demência modificáveis ​​mais comumente reconhecidos.

Sobre o estudo
Os cerca de três mil idosos que participaram do estudo passaram por testes cognitivos e de visão durante visitas domiciliares. Após avaliar os resultados, os cientistas concluíram que o risco de demência foi muito maior entre aqueles com problemas de visão – incluindo aqueles que não conseguiam enxergar bem mesmo quando usavam seus óculos habituais ou lentes de contato.

Os cientistas da Universidade de Michigan avaliaram pessoas com mais de 71 anos, sendo que a média de idade foi de 77 anos. Por meio de um tablet, foram testadas as visões de longe e de perto, e a habilidade de ver letras que não contrastavam fortemente com o fundo. Além disso, os participantes fizeram testes de memória e de capacidade de raciocínio, além de fornecerem informações sobre o estado de saúde, como diagnóstico de doença de Alzheimer ou de outras formas de demência.

Pouco mais de 12% de todo o grupo tinha demência, percentual que era maior – quase 22% – entre aqueles que tinham visão prejudicada para enxergar de perto. Além disso, 33% das pessoas com deficiência moderada ou grave da visão à distância, incluindo os cegos, apresentavam sinais de demência. O mesmo aconteceu com 26% daqueles que tiveram problemas para ver as letras que não contrastavam fortemente com o fundo. Mesmo entre os que tinham leve problema de visão à distância, 19% tinham demência. O estudo também apontou que as pessoas com mais de um tipo de deficiência visual também tinham 35% mais chances de ter demência do que aqueles com visão normal.

Além de se basear em estudos anteriores que tiveram resultados semelhantes, a pesquisa também considerou trabalhos já realizados sobre cirurgia de catarata que mostraram taxas mais baixas de demência ao longo do tempo em adultos que tiveram sua visão à distância restaurada por meio de cirurgia.

Fonte: Jama Ophthalmology University of Michigan

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