
Ismael Marques de Albuquerque, CFP®
Hoje quero falar sobre a pergunta que mais ouço desde que comecei a trabalhar como assessor de investimentos:
“Ismael, dá mesmo para viver de renda com os meus investimentos? Porque eu só me sinto seguro com os aluguéis dos meus imóveis.”
Entendo esse sentimento. O medo e a falta de informação ainda nos fazem manter aquele pensamento mais antigo, de que o dinheiro só é seguro se estiver na “economia real”. E olha, não há problema nenhum nisso. Pelo contrário: numa estratégia bem-feita, é ótimo contar com várias fontes de renda — seja o aluguel de um imóvel, uma aposentadoria que você contribuiu a vida inteira, ou outras formas de rendimento.
Mas hoje quero te ajudar a desmistificar alguns investimentos e mostrar, de forma simples, como calcular quanto você precisa acumular para se aposentar com tranquilidade.
Cálculo de aposentadoria
O primeiro passo é colocar no papel quanto você quer (ou precisa) receber por mês para ter uma vida confortável. Esse valor varia de pessoa para pessoa.
Para facilitar, vamos usar como exemplo uma renda mensal de R$ 20.000,00.
Com esse número em mente, aplicamos uma fórmula básica: multiplicamos esse valor por 300. O resultado: R$ 6.000.000,00.
Esse cálculo considera que seus investimentos vão render cerca de 4% ao ano acima da inflação, ou aproximadamente 0,33% ao mês de ganho real.
Aí vem a reação clássica:
“Ismael, você tá dizendo que eu preciso de 6 milhões pra ganhar 20 mil por mês? É melhor comprar imóveis e alugar!”
Calma! Esse valor é baseado em um cenário conservador, pensando em preservar o poder de compra ao longo do tempo. Se imaginarmos uma inflação de 5% ao ano, por exemplo, e somarmos os 4% reais, em uma conta simples, o total seria 9% ao ano. Nesse caso, seus investimentos renderiam cerca de R$ 43.000,00 por mês — mas parte disso seria apenas para manter o valor do dinheiro.
O ponto é: tudo depende do seu perfil de risco e dos seus objetivos. Agora, vamos falar sobre como transformar esse patrimônio em renda.
Ótimo, mas onde eu invisto para ter esta renda?
Antes de tudo, é importante entender seu perfil de investidor e como você lida com as oscilações do mercado.
Vou mostrar aqui duas estratégias: uma mais conservadora e outra mais arrojada, para exemplificar possibilidades reais.
Conservadora
Essa estratégia evita sustos com a oscilação de mercado e oferece previsibilidade. Chamamos internamente de “Carrossel de Renda Fixa”.
Ela funciona assim: investimos em CDBs pré-fixados com vencimentos diferentes — para 1, 2, 3 anos — todos com taxas atrativas (por exemplo, 15% ao ano).
Conforme cada CDB vence, você:
- Usa parte para viver no ano seguinte (reaplica em algo com liquidez diária).
- Reinveste o restante em um novo CDB com vencimento para daqui 4 anos.
E assim seguimos, ano após ano, mantendo o “carrossel” girando.
Vantagens:
- Rendimento previsível
- Proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito)
- Sem sustos com oscilações
Desvantagens:
- Falta de liquidez (é preciso esperar o vencimento)
- Dependência de boas taxas quando for reinvestir
- Não protege contra a inflação (Falta do indexador IPCA+)
💡 Dica extra: há CDBs que já pagam renda mensal automática, o que pode complementar muito bem essa estratégia.
Estratégia arrojada: renda variável com previsibilidade
Você provavelmente já ouviu falar em FIIs (Fundos Imobiliários) ou ações que pagam dividendos, certo?
Mas quero apresentar aqui dois caminhos diferentes que também podem funcionar bem para quem busca renda mensal:
- Créditos Privados (Renda Fixa com mais risco)
Aqui entram as Debêntures Incentivadas, CRIs e CRAs — títulos emitidos por empresas, muitas vezes ligados ao setor imobiliário ou agronegócio.
Eles têm três grandes atrativos:
- Isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas
- Correção pela inflação (IPCA + taxa fixa)
- Pagamentos mensais, semestrais ou anuais
Ponto de atenção: esses títulos podem oscilar bastante por causa da marcação a mercado. É como se você soubesse, todos os dias, quanto vale seu imóvel — e ficasse vendo o preço subir e descer.
- ETFs de Renda
Em vez de comprar ações ou FIIs diretamente, você pode investir em ETFs (fundos negociados na bolsa), que nosso amigo Lucas explicou na última coluna, onde fazem isso por você — e ainda pagam renda.
Dois exemplos:
- SPYI11: expõe você às maiores empresas dos EUA, ao dólar e conta com renda mensal via estratégia de opções. Tem como meta pagar 1% bruto ao mês, mas há cobrança de 15% de IR sobre essa renda.
- JURO11: fundo que investe em debêntures incentivadas, com meta de rendimento de 2% ao ano acima do IMA-B 5. Nos últimos 12 meses, o JURO11 pagou um dividend yield de 12,3%.
Foi um prazer dividir essas ideias com você! O objetivo aqui é mostrar caminhos reais para quem quer construir uma renda mensal com seus investimentos.
Lembre-se: isso não é uma recomendação de investimento. Cada pessoa tem uma realidade diferente, e é fundamental entender seu perfil, suas metas e montar uma estratégia personalizada, então conte conosco!
Precisa de ajuda com seus investimentos? Dúvidas ou sugestões sobre algum tema? Por favor nos envie no email: contato@petrusadvisor.com.br ou através do nosso Whatsapp no QR-Code. Obrigado e concluo dizendo: “Estamos de olho no mercado!”