Uma parceria do Hospital Universitário e do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa em Oftalmologia (IPEPO) levou a Santa Maria, na Região Central, um equipamento inédito no estado para detectar lesões causadas por toxoplasmose em crianças. Embora as autoridades considerem a doença erradicada há cerca de um ano na cidade, o aparelho foi disponibilizado para um mutirão que acontece nesta segunda e terça-feira (22).
O surto durou de abril a novembro do ano passado, e ainda não teve a causa descoberta. Oficialmente, 902 pessoas tiveram toxoplasmose. Mas, até hoje, surgem novos casos.
“A lesão pode reativar a qualquer momento da vida. Tem que ter eternamente um acompanhamento. Em criança, é mais difícil de detectar uma reativação porque, pequenininhas, até cinco anos, elas não informam a visão”, afirma a oftalmologista Aline Reetz Conceição.
Os exames são feitos com lentes normais, usadas pelos oftalmologistas para detectar alguma lesão. Uma câmera envia para o computador a imagem de todo o olho e das lesões internas. Particular, o procedimento custa R$ 1 mil. Mas, para o mutirão, está de graça.
“É um exame muito rico em detalhes. As imagens são de altíssima qualidade”, diz o oftalmologista colaborador do IPEPO João Rafael Dias. “Apesar de ele poder ser usado em adulto, é muito específico para crianças, porque como a criança não vai cooperar em um exame convencional, ele consegue dar uma magnitude bem grande das alterações.”
Durante o surto, 20 crianças nasceram com toxoplasmose em Santa Maria, e tiveram a visão comprometida. Elas precisarão de acompanhamento por pelo menos cinco anos.
Aline Silva trouxe a filha, de um ano e oito meses, para realizar o exame. Ela descobriu a doença em abril, quando a menina começou a caminhar e, por não enxergar direito, batia nos móveis da casa.
“Até hoje me culpo. Eu fico na dúvida se a culpa é minha, se a culpa é de uma outra pessoa. Porque só eu sei o que eu passo diariamente com ela”, lamenta.
Fonte: G1