Médicos de vários países se conscientizaram das dificuldades que seus pacientes tiveram para retornar para exames oculares e check-ups, pois os recursos médicos foram alocados principalmente para o atendimento ao coronavírus e os check-ups adiados dos pacientes devido a preocupações com a exposição ao Covid-19 em clínicas ou hospitais.
Os resultados sobre o impacto da pandemia na prevenção e tratamento do glaucoma deram o tom para a Semana Mundial do Glaucoma (em inglês, World Glaucoma Week – WGW). A iniciativa destaca a capacitação dos pacientes para esclarecer dúvidas e preocupações sobre o glaucoma, orientando sobre situações mais graves e ajudando a minimizar a perda de visão por conta desta doença durante a pandemia. Acesse o guia completo do paciente.
“A pandemia do Covid-19 impactou o tratamento do glaucoma para os pacientes, causando atrasos nas consultas, exames e procedimentos oftalmológicos que colocam os pacientes com glaucoma em risco de perda de visão. Atrasos no tratamento do glaucoma devido à pandemia, juntamente com um acúmulo de exames e procedimentos relacionados ao glaucoma, estão sobrecarregando nossos sistemas de saúde”, destaca o documento de posição da World Glaucoma Association (WGA).
Além disso, o documento fornece orientações para o público, incluindo pacientes não diagnosticados e diagnosticados. Todas as recomendações estão ancoradas na premissa de que o diagnóstico e a progressão do glaucoma não aguardarão o fim da pandemia de Covid-19, portanto, os pacientes devem manter seus exames oftalmológicos regulares e os exames de rotina não devem ser adiados. O consenso dos especialistas enfatizou a importância do tratamento antes que haja perda perceptível da visão, pois este é um sintoma tardio e irreversível do glaucoma avançado.
De acordo com a WGA, se um paciente notar perda de visão, dor ocular ou secreção ocular, especialmente se previamente operado de glaucoma, deve procurar um oftalmologista o mais rápido possível. Na tentativa de evitar a exposição ao Covid-19, a recomendação é escolher uma clínica oftalmológica que siga todas as medidas preventivas para a Covid-19 e se ajuste adequadamente à atual situação de pandemia em sua região, observando as normas estabelecidas pelos órgãos de saúde locais.
Se um paciente com glaucoma contraiu Covid-19, ele deve informar seu médico de cuidados primários, que tratará essa condição de acordo com as recomendações atuais. A WGA observa que os corticosteroides sistêmicos usados para tratar casos de coronavírus podem causar aumento da pressão ocular em alguns pacientes, mas geralmente leva um período de uso (algumas semanas) para que isso ocorra. Se for necessário o uso a longo prazo, recomenda-se um acompanhamento com seu oftalmologista.
O Guia do Paciente da WGA destaca a importância de avaliar os riscos e benefícios de participar de uma consulta presencial. As medições da pressão ocular e outros exames importantes só são possíveis durante os check-ups presenciais. No entanto, caso o paciente não possa ir às clínicas/hospitais, a recomendação é agendar uma consulta virtual para garantir uma orientação médica personalizada.
Exames de rotina regulares são uma parte essencial do manejo do glaucoma. Se houver preocupações com o tempo envolvido na realização de exames e aumento da exposição ao coronavírus, a WGA recomenda que o paciente procure seu oftalmologista para discutir alternativas. Exames de imagem mais rápidos estão disponíveis, como fotografias de fundo de olho e tomografia ocular.
O adiamento de cirurgia de glaucoma recomendada deve ser evitado. Em alguns casos, a intervenção cirúrgica é necessária para preservar a visão, principalmente quando o tratamento com laser e colírios são insuficientes para controlar a doença. Como os danos do glaucoma não podem ser recuperados, converse com seu oftalmologista sobre o momento mais apropriado para sua cirurgia de glaucoma.
Glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível evitável em todo o mundo. Estimativas sugerem que aproximadamente 80 milhões de pessoas em todo o mundo têm a doença. Entre as pessoas com mais de 40 anos, aproximadamente 2-10% terão glaucoma, dependendo de sua origem étnica. Há risco aumentado com a idade. O diagnóstico e o tratamento imediatos do glaucoma podem prevenir a perda de visão desnecessária; no entanto, mais da metade das pessoas com glaucoma não sabem que têm a doença. Muitos também lutam para acessar os cuidados necessários. Parentes de primeiro grau de pessoas com a doença têm até 10 vezes mais chance de também desenvolver essa condição. Idosos, descendentes de africanos e mulheres possuem maior risco para o glaucoma.
A Associação Mundial de Glaucoma (WGA) engloba uma rede de 91 Sociedades de Glaucoma e 13 membros da Indústria. O objetivo principal da WGA é eliminar a deficiência relacionada ao glaucoma em todo o mundo. Os membros estão ativamente envolvidos na pesquisa sobre o glaucoma, no consenso de diagnóstico/tratamento e em estratégias educacionais para profissionais de oftalmologia e a população em geral.
Fonte: Medicina SA