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Os achados clínicos incluem hemorragias retinianas (geralmente bilaterais, multicamadas e extensas), hematoma subdural e/ou fraturas ocultas. Pode haver história de múltiplos traumas antes que o abuso seja detectado. O abuso infantil é uma importante causa de morte em crianças. Entre esses casos, as lesões cranianas são a causa principal da morte em 15 a 25%.
Crianças com traumatismo craniano podem ter hemorragias retinianas, vítreas ou do nervo óptico (só visto em autópsia) e dobras retinianas perimaculares ou retinosquise (divisão das camadas posteriores). Em uma revisão sistemática que reuniu 20 estudos observacionais com exames de 973 vítimas de abuso, a hemorragia intraocular (retiniana ou vítrea) foi vista em aproximadamente 85% das crianças com traumatismo craniano. Um exame fundoscópico com oftalmoscópio indireto deve ser feito pelo oftalmologista em toda criança com traumatismo craniano violento suspeito.
Quando suspeitar de traumatismo craniano violento? 
  1. Vômitos sem explicação;
  2. Dificuldade em se alimentar;
  3. Letargia ou Irritabilidade;
  4. Convulsão;
  5. Perda da consciência.
O que esperar do exame oftalmológico?
  1. Quando presentes, as hemorragias retinianas geralmente não são acompanhadas de achados oculares externos, podendo indicar lesão intracraniano oculta. Aparecem em 47 a 100% dos casos de trauma craniano violento (na maioria das séries é 85%);
  2. Pupilas pouco reativas ou um olhar preferencial podem ser notados;
  3. Equimoses periorbitárias, hemorragias subconjuntivais, hifema e fraturas orbitárias podem indicar trauma direto da face e/ou órbita;
  4. Sinais tardios de lesão direta grave na fundoscopia podem incluir atrofia óptica, descolamento de retina, cicatrizes retinianas e ruptura de coroide;
  5. Em alguns casos as anormalidades intracranianas podem não ser encontradas na tomografia inicial. Nesses casos a detecção de hemorragias retinianas é um indicador forte de que houve traumatismo craniano e deve ser realizada uma ressonância magnética. Apesar disso, a presença de hemorragias não confirma o diagnóstico e a ausência não exclui. Na maioria dos casos, as hemorragias são bem numerosas e se estendem anteriormente a ora serrata. Em 2/3 ocorrem em múltiplas camadas;
  6. Outros achados possíveis: tração vitreorretiniana, separação vítrea e retinosquise subclínica.
Manejo Oftalmológico
  1. Acompanhamento regular com oftalmologista;
  2. Vitrectomia nos pacientes com hemorragia vítrea densa, particularmente se houver resposta boa elétrica da retina;
  3. O potencial visual muitas vezes é limitado pelas lesões do sistema nervoso central e retina (atrofia óptica e cortical). Deve-se sempre lembrar que a correção dos erros refrativos e o tratamento da ambliopia pode ajudar a maximizar o potencial visual.

Fonte: PebMed

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