“DEIXA COMO ESTÁ PARA VER COMO FICA”: será esse o melhor caminho?
Por Jeanete Herzberg – Administradora de empresas graduada e pós-graduada pela EAESP/FGV. Autora do livro “Sociedade e Sucessão em Clínicas Médicas”.
Numa conversa recente com uma clínica onde fui chamada, o problema apresentado era de remuneração dos sócios.
Por muitos anos, um dos sócios era proprietário da casa onde a clínica funcionava, ele geria toda a operação da clínica coordenando os profissionais que lá trabalhavam, atendendo os clientes e suas famílias, integrando os tratamentos e zelando para que tudo funcionasse direito.
Surgiu a oportunidade de venda do imóvel da clínica e ele assim o fez: vendeu a casa e se questionou sobre seu futuro profissional – deveria se aposentar ou continuar em outro local?
Optou por continuar em outro local e com uma estrutura societária diferente: os principais pilares da clínica, antes prestadores de serviços, agora se tornaram sócios em partes iguais.
A estrutura de remuneração foi mudada, após a constituição da sociedade: os profissionais que atendem recebem seus honorários, os não sócios atendem e recebem percentual do valor cobrado dos clientes e o que sobra, depois de pagas as despesas é dividido entre os sócios. Resultado: o sócio principal que era a mola mestra de tudo no funcionamento da clínica praticamente parou de receber pois faz inúmeras tarefas que envolvem captação de clientes, acompanhamento dos tratamentos feitos pelos outros profissionais e a gestão, mas não faz os atendimentos dos pacientes.
Ora, será que valeu a pena ter mudado a estrutura ou combinarem esse novo formato?
Curiosamente, nesse último ano atendi uma outra clínica cujos sócios queriam vende-la. A estrutura de remuneração era feita de maneira a afugentar os interessados pois os resultados apresentavam prejuízo. Porém, quando se calculava as entradas e saídas, desconsiderando-se a divisão para os sócios, o resultado era positivo.
Conclusão: remuneração de sócios deve ser pensada no momento inicial da clínica e checado periodicamente, com as mudanças nas funções, desejos e produção de cada médico, sócio.
É muito mais difícil acertar um problema de remuneração no momento de uma saída ou entrada de sócio ou venda da clínica, do que dispender tempo e esforços para achar um caminho que contemple uma boa solução (mais completa e abrangente) para todos.
Fica a dica: investir tempo para uma combinação bem-feita logo de cara, pensando no médio e longo prazo, ao invés de fechar os olhos e tomar o caminho simples de “deixa como está para ver como fica”.