Em 1933, o oftalmologista sueco Henrik Sjögren descreveu pela primeira vez a síndrome de Sjögren. O médico estudou casos clínicos de pessoas que tinham falta de lágrima, de saliva e dores pelo corpo e nomeou essa condição de ceratoconjuntivite sicca. Mas foi só nos anos 1940, quando um médico australiano traduziu o estudo para o inglês, que foram feitas novas pesquisas, caracterizando a doença que ficou conhecida como síndrome – ou doença – de Sjögren.
Trata-se de uma enfermidade autoimune que atinge principalmente as glândulas lacrimais e salivares, causando olho seco e boca seca. Além disso, ela acomete outras partes do organismo, como pele, articulações, pulmões, rins e sistema nervoso. Como a doença é pouco conhecida pela população geral, muitas vezes é subdiagnosticada. No Brasil, estima-se que dois a cada mil brasileiros podem ter a síndrome de Sjögren.
A enfermidade é mais comum entre mulheres entre 40 e 50 anos, mas pode ocorrer em homens e também em qualquer idade. Não há muitos estudos sobre o tema, mas acredita-se que cerca de seis em cada 100 mil pessoas desenvolvem a doença, sendo que algo em torno de 20% dos pacientes apresentam complicações.
Segundo o reumatologista Alisson Pugliesi, membro da Comissão de Doença de Sjögren, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o profissional de saúde deve sempre lembrar da possibilidade da manifestação pulmonar no cuidado de seu paciente com Doença de Sjögren, uma vez de sua grande morbimortalidade.
“É preciso muito cuidado ao diagnosticar e antes de decidir sobre a terapêutica, distinguir a forma da doença pulmonar é crucial. Ao passo que para a doença intersticial pulmonar, o tratamento imunossupressor é indicado, na manifestação apenas de via aérea, a estratégia principal deve basear-se na broncodilatação”, alerta o especialista.
Uma das formas através das quais o pulmão pode ser afetado pela doença é o processo de inflamação ou formação de cicatrizes nas estruturas de suporte do pulmão, causando doença pulmonar intersticial (DPI) que tem como sintomas tosse seca e falta de ar, que pode ser facilmente confundido com outras enfermidades.
Pela relevância do assunto, o tema será abordado por Pugliesi durante o 41° Congresso Brasileiro de Reumatologia, que acontecerá em Belo Horizonte entre 18 e 21 de setembro no Minascentro.