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Lucas Silva Barbosa, Economista Chefe

Olá, caro leitor!

Neste espaço, gosto sempre de conectar temas econômicos ao seu impacto direto na vida de médicos e profissionais da saúde que buscam uma saúde financeira mais robusta e estratégica. Hoje, vamos falar sobre um tributo pouco comentado, mas que interfere diretamente em quem deseja diversificar seus investimentos globalmente: o IOF.

O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incide sobre operações de crédito, câmbio, seguros e investimentos. No contexto de investimentos internacionais, ele está presente principalmente na hora da conversão de reais para moedas estrangeiras — e essa mordida pode impactar sua rentabilidade mais do que parece.

Atualmente, a alíquota de IOF sobre operações de câmbio para envio de recursos ao exterior é de 1,1% para pessoas físicas. Pode parecer pouco, mas pense comigo: se você envia R$ 100 mil para investir lá fora, já começa com um “pedágio” de R$ 1.100. Isso significa que sua aplicação precisa render mais do que esse valor só para você empatar com o que saiu do bolso logo de cara.

Tabela 1 – Comparativo entre envio bruto e líquido ao exterior com IOF de 1,1%

Valor enviado IOF (1,1%) Valor líquido para investimento
R$ 10.000 R$ 110 R$ 9.890
R$ 50.000 R$ 550 R$ 49.450
R$ 100.000 R$ 1.100 R$ 98.900
R$ 1.000.000 R$ 11.000 R$ 989.000

Além disso, há outros custos envolvidos, como o spread cambial, que é a diferença entre o valor de compra e venda da moeda — uma espécie de taxa escondida no câmbio. Somando IOF + spread + eventuais taxas bancárias ou da corretora internacional, o custo total de remessa pode facilmente passar dos 2%.

E por que investir no exterior, então?

Diversificar sua carteira com ativos internacionais é uma estratégia que ajuda a reduzir riscos, aproveitar oportunidades em economias mais maduras e proteger seu patrimônio da desvalorização cambial do real. Investir em ações da Apple, fundos imobiliários dos EUA (REITs), ou ETFs globais pode ser uma forma inteligente de diluir o risco-Brasil.

Mas o IOF entra aí como um custo fixo a ser considerado — e ele impacta especialmente quem faz pequenos aportes frequentes, já que o percentual pago se repete toda vez que há envio de recursos.

Tabela 2 – Rentabilidade líquida afetada pelo IOF em diferentes prazos (investimento de R$ 1.000.000,00)

Supondo um investimento internacional com rendimento de 8% ao ano

Período Sem IOF (8%) Com IOF (8% – 1,1%)
1 ano R$ 1.080.000 R$ 1.068.900
5 anos R$ 1.469.328 R$ 1.439.245
10 anos R$ 2.158.925 R$ 2.091.940

Como minimizar o impacto do IOF nos investimentos internacionais?

  1. Consolide seus aportes: Fazer aportes maiores e menos frequentes dilui o impacto proporcional do IOF.
  2. Use veículos locais com exposição global: Fundos internacionais e BDRs negociados na B3 não exigem envio de recursos para o exterior, portanto não sofrem incidência de IOF.
  3. Fique atento ao cenário fiscal: O governo pode, a qualquer momento, alterar a alíquota do IOF. Em momentos de crise cambial, isso já aconteceu.

IOF e risco regulatório

A alíquota do IOF pode ser usada como ferramenta de política econômica. Se o governo quiser conter a saída de dólares do país, por exemplo, pode aumentar o IOF para desincentivar o envio de recursos ao exterior. Esse tipo de intervenção aumenta o que chamamos de risco regulatório — um fator que precisa ser levado em conta por quem pensa em dolarizar seu patrimônio.

Conclusão

Investir no exterior continua sendo uma excelente forma de diversificação, mas como toda decisão financeira, exige avaliação de custos, riscos e objetivos. O IOF é uma dessas variáveis que não podemos ignorar. Ele funciona como uma “taxa de entrada” no mundo dos investimentos internacionais e deve estar no seu radar ao planejar qualquer remessa.

Portanto, caro leitor, antes de investir fora, faça um bom diagnóstico — como fazemos na medicina. Avalie as alternativas, os custos, o prazo e, claro, os impostos. Dessa forma, você protege sua rentabilidade e garante que seu patrimônio cresça de forma saudável — no Brasil e no exterior.

Nos vemos na próxima coluna!

Precisa de ajuda com seus investimentos? Dúvidas ou sugestões sobre algum tema? Por favor nos envie no email: [email protected] ou através do nosso Whatsapp no QR-Code. Obrigado e concluo dizendo: “Estamos de olho no mercado!”

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