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Simone Haber D. V. F. Bison
Professora Afiliada e Chefe do Serviço de Oculoplástica e Vias Lacrimais do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo.
 
 
 
 
 
 
 
Tatiana R. Nahas
Chefe da Seção de Oculoplástica do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
 
 
 
 
 
 
 
Giovanni André P. Viana
Cirurgião Plástico Colaborador do Serviço de Oculoplástica e Vias Lacrimais do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo.
 
 
 
 
 
 
 
O sistema ocular é complexo e muito delicado. Desta maneira, para realizar cirurgias nos olhos ou na região periocular, é preciso muita precisão e cuidado. A plástica ocular é uma subespecialidade da Oftalmologia que trata condições ou patologias que envolvem as pálpebras, tanto para fins funcionais quanto estéticos.
O oftalmologista especializado em Cirurgia Plástica Ocular é habilitado para realizar diversos procedimentos. Por conhecer muito bem as estruturas do olho e da órbita ocular, esse especialista realiza a cirurgia visando o resultado estético, assim como a preservação de estruturas nobres no olho, em prol de uma boa acuidade visual e conforto do paciente.
Esse especialista tem segurança para tratar várias doenças, tais como:
Cirurgia para retirada de calázio: O terçol é uma condição que atinge as pálpebras, causado em geral pela inflamação das glândulas de Meibomius, que produzem parte gordurosa do filme lacrimal. Em alguns casos ele evolui para o calázio, necessitando de tratamento cirúrgico. 
Cirurgia para correção de entrópio ou ectrópio palpebral: Trata-se de um tratamento cirúrgico para corrigir uma condição em que as pálpebras deixam de proteger o olho, virando-se para dentro ou para fora. 
Cirurgia reconstrutiva: Procedimento cirúrgico para reconstrução das pálpebras em casos de lesões traumáticas ou não e de tumores. 
Cirurgia de ptose palpebral: Tratamento cirúrgico para corrigir uma condição em que as pálpebras superiores estão baixas, podendo cobrir o eixo visual; congênita ou adquirida.
Além disso, o oftalmologista especializado em plástica ocular é capacitado para aplicar técnicas modernas, que incluem a retirada das bolsas de gordura na parte inferior dos olhos sem cortes ou cicatrizes na pele e está preparado para atender qualquer problema que envolva as pálpebras e sistema lacrimal em recém-nascidos, crianças e adultos.
Em relação à cirurgia plástica geral e a oculoplástica, as duas especialidades são complementares, considerando que o cirurgião plástico tem durante sua formação o desenvolvimento de competências mais abrangente, ou seja, ele aprende técnicas para corrigir problemas e defeitos em todas as áreas do corpo. Caso resolva se dedicar com maior afinco a uma região, o cirurgião plástico passará a dominar melhor esse conhecimento.
Contudo, em ambas as especialidades, para se tornar um(a) cirurgião(ã) com um mínimo de conhecimento, é necessário o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes, nas quais esse profissional necessitará de anos de treinamento e aperfeiçoamento constantes; neste cenário, cabe citar uma célebre frase do professor Drucker: “o maior benefício de treinamento não vem de se aprender algo novo, mas de se fazer melhor aquilo que já fazemos bem”.
A tendência tem sido a troca de experiências entre as especialidades, com o subsequente aprimoramento de técnicas, ou seja, em vez de competirmos e criticarmos uns aos outros, nos aliarmos visando o melhor atendimento aos pacientes.
Técnicas de tratamento rejuvenescedor 
Um olhar é capaz de transmitir sentimentos e aspectos da nossa personalidade. Entretanto, o envelhecimento provoca uma série de mudanças na região dos olhos, principalmente na chamada área orbitopalpebral, ou seja, nas pálpebras inferiores e superiores e ao redor da órbita ocular, que são facilmente percebidas.
Hoje, um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados por oculoplásticos e cirurgiões plásticos para rejuvenescimento facial é a blefaroplastia para fins estéticos ou funcionais (diminuir o peso das pálpebras e ampliar o campo visual), na qual retira-se o excesso de pele, assim como bolsas de gordura inferiores sem cicatrizes aparentes.
 Mas nem sempre tirar pele e bolsas resolve. Às vezes, faz-se necessário exatamente o contrário: dar volume. Neste momento, o plástico ocular também deve dominar técnicas modernas para harmonização facial, utilizando seu conhecimento em preenchedores faciais e toxina botulínica.
Neste cenário, diversos produtos e aparelhos têm surgido para nos auxiliar no dia a dia, amenizando os efeitos do envelhecimento facial. Merece destaque o fato de que sempre devemos informar o paciente de que não temos o poder de reverter ou mesmo parar o Cronos natural do envelhecimento. Para aqueles que não o conhecem, Cronos na mitologia grega é o mais jovem dos titãs, filho de Urano e Gaia. É o grande deus do tempo, sobretudo quando este é visto em seu aspecto destrutivo, o tempo inexpugnável que rege os destinos e a tudo devora!
Então, como procedimentos ancilares, podemos citar o uso da toxina botulínica (para o tratamento das rugas dinâmicas da face), ácido hialurônico (para o tratamento das rugas estáticas e reposição de volume facial), os aparelhos de radiofrequência e os diferentes tipos de laser (para estimular o colágeno) que estão disponíveis em nosso mercado. 
Benefícios do ácido hialurônico 
A perda do volume facial é resultado do reposicionamento e redução da gordura no rosto, assim como do remodelamento ósseo, “murchando” as convexidades que dão a aparência jovial. Esse entendimento da perda do volume facial é fundamental para quebrar alguns paradigmas em relação aos procedimentos usados para rejuvenescimento facial. Hoje, o foco das técnicas é restaurar o contorno facial, dar volume e provocar o relaxamento muscular, assim como corrigir as áreas de sombra, incluindo a região das pálpebras e da órbita.
Existem diversos preenchedores faciais, dentre eles o mais próximo do “ideal atualmente é o ácido hialurônico. O ácido hialurônico (AH) é um produto que naturalmente está presente em nosso organismo, em diferentes órgãos e estruturas, inclusive na pele. É o responsável pelo volume, pela sustentação, pela hidratação e elasticidade da pele. Com o passar dos anos, ocorre a diminuição da concentração do AH na pele, contribuindo para o surgimento das rugas.
Quando confeccionado industrialmente, o AH possui ligações intercelulares mais estáveis (“crosslinking ) e pode durar até 18 meses. O ácido hialurônico é usado para preencher espaços entre as células e quando colocado nos sulcos do rosto dá volume a uma área deprimida, refletindo mais luminosidade no local tratado e, então, disfarçando olheiras e linhas de expressão. O AH é reabsorvível e biocompatível e, além disso, sua aplicação pode ser revertida com o uso da hialuronidase.
Seu uso está indicado para melhorar o viço da pele, suavizando as rugas e outras marcas da idade. Pode ser utilizado no contorno da face, dos lábios (contorno e volume), dos sulcos nasolabial e nasojugal (olheira), rugas faciais. Ainda serve para repor volume na face, mãos e algumas regiões corporais.
Como orientação aos colegas, é importante salientar o cuidado de não misturar diferentes tipos de produtos. Sempre perguntar ao paciente se ele(a) já fez alguma aplicação e, caso positivo, qual foi o produto utilizado e o local tratado. Com isso tentar não injetar o AH em uma área onde existe, por exemplo, um implante permanente, como é o caso do PMMA.
Como cada pessoa tem um organismo diferente do outro, a duração do resultado do preenchimento com o “MD Codes® pode variar de 8 a 18 meses. Depois, é preciso uma avaliação para um novo preenchimento; afinal, nunca paramos de envelhecer… e ainda bem, não é?

 

Fonte: Universo Visual

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