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Um estudo publicado recentemente no American Journal of Ophthalmology aponta que medidas de refração periférica relativa (RPR), tanto nas direções horizontal quanto vertical, estão associadas a uma progressão mais rápida do comprimento axial ocular e ao aumento do risco de desenvolvimento de miopia em crianças.

Como foi conduzida a pesquisa

Liderado pelo Dr. Sander C.M. Kneepkens, do Erasmus University Medical Center, na Holanda, o trabalho utilizou rastreamento de raios específico para cada indivíduo em conjunto com exames de ressonância magnética (RM) cerebral para investigar a relação entre RPR e o desenvolvimento de miopia na infância. As avaliações oftalmológicas foram realizadas aos 9 e aos 13 anos, com a ressonância sendo feita aos 9 anos.

Participaram 1.635 crianças, sendo 8% com hipermetropia, 77% com visão normal (emmetropia) e 16% já apresentando miopia.

Principais resultados: o papel da RPR e o crescimento axial

Os pesquisadores observaram que, nas crianças míopes, a RPR era mais hipermetrópica, tanto nas medições horizontais quanto verticais. A análise estatística indicou que essas medidas estavam significativamente associadas ao comprimento axial, ao peso ao nascer e à curvatura da retina na direção horizontal. Já a curvatura vertical da retina apresentou associação apenas com a RPR vertical.

Crianças com maior progressão da miopia também apresentaram maior comprimento axial, menor equivalente esférico e valores mais elevados de RPR nas duas direções. Cada aumento de 1 dioptria na RPR horizontal ou vertical elevou consideravelmente o risco de início da miopia, com razões de chance de 1,40 e 1,29, respectivamente – mesmo após ajuste para fatores como comprimento axial.

O que isso pode mudar na prática clínica

“Nossos resultados mostram que uma RPR mais elevada está fortemente ligada à progressão acelerada do crescimento axial e ao maior risco de surgimento da miopia”, afirmam os autores. Segundo eles, os dados reforçam a importância da RPR como um marcador preditivo e podem contribuir para o desenvolvimento de terapias personalizadas para conter o avanço da miopia em crianças.

Referência:

S.C.M. Kneepkens et al. A Novel MRI-Based Approach to Peripheral Refraction and Prediction of Myopia Progression, American Journal of Ophthalmology (2025). DOI: 10.1016/j.ajo.2025.06.013

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